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FISL14: Herança

domingo, 7 julho 2013

IMG_20130704_185814bFISL 2013 encerrado, e após 4 dias de eventos e assistido várias palestras interessantes, ter interagido com várias pessoas, o que ficou, ao contrário de outros anos, não foi uma nova metodologia de programação revolucionária, um novo software, maior adoção das tecnologias livres ou mesmo casos de sucessos, apesar de ter visto coisas fabulosas e tecnologias emergentes que prometem.

Faz 14 anos que esse grande encontro da comunidade é realizada. Mal consigo lembrar do primeiro evento em 2000, onde a realidade era totalmente diferente e que o software livre era visto como coisa de baixa qualidade.

Lutamos muito para chegar onde estamos hoje, talvez muitos jovens dessa nova geração não tenham ideia de como se fazia software antes das nossas conquistas em prol da liberdade, tão pouco consciência de como algumas figuras, mesmo contestadas, foram importantes para essa revolução.

Hoje em dia, software livre é uma realidade e não se questiona mais a qualidade, ou ainda, que é um modelo inviável economicamente. Eu era visto como um doido naquela época, lembro bem.

Nossas fronteiras foram ampliadas, quando conseguimos conquistas maiores ainda com o hardware livre. É fato que ainda estou dando meus primeiros passos nessa tecnologia, achava que não era para mim, mas depois de ver algumas palestras desse evento, percebo que é para todo mundo. Arduíno, Raspberry Pi, permitem inovações tecnológicas, que combinadas com o software livre, são colossais. Desde coisas simples como montar uma central multimídia, ou mais complexas como montar um sistema de sensores para monitorar fisicamente um CPD, até coisas extremamente complexas como uma impressora 3D.

Tudo isso, evoluiu e foi fomentado durante esses anos de Fórum Internacional de Software Livre. Se conseguimos atingir o estágio que estamos atualmente, foi graças a organização e mobilização da comunidade e o FISL faz parte disso.

Eu poderia me acomodar e pensar que chegamos no nível perfeito de evolução tecnológica, contudo, percebo agora a grande herança deste FISL 14: não me basta mais software livre, quero mais hardware livre, mas acima de tudo, quero ENERGIA LIVRE!

Extremamente revolucionário ouvir Luis Maccarini, em sua palestra sobre Permacultura, tanto como ouvir Richard Stallman pela primeira vez.

Espetacular ouvir Thomas Soares em sua palestra sobre uma proposta de novo modelo energético descentralizado, assim como conversar e ver ele explicar os experimentos apresentados na área de exposição. Mesmo que eu não tenha consigo entender tudo (não sou engenheiro), sei que devemos sim lutar pela energia livre. Me senti como nas primeiros anos de FISL, que não entendia bem como tudo funcionava, achava que software livre era software de graça, etc.

Nesse sentido, fazendo uma analogia bem básica, energia livre não é modo perpetuo ou energia de graça, assim como software livre não o é. Mas é principalmente uma grande troca de paradigma, o comprometimento com a humanidade e o planeta, a descentralização da geração energética.

Energia livre pode ser algo simples, como alimentar o meu Arduíno com uma fonte alternativa de energia (estou pesquisando isso e me parece bem viável) ou algo que exija mais investimento, como por exemplo, ter um painel fotovoltaico em casa, que produza minha própria energia e quem sabe compartilhar essa energia com meus vizinhos ou a comunidade, ou ainda algo extremamente mais complexo (pelo menos para minha cabeça), como produzir energia elétrica a partir da pertubação do eter com campos magnéticos.

Isso tudo já se falava a mais de cem ano atrás, quando Nikola Tesla tentou massificar essas tecnologias, mas foi silenciado pelo poderio econômico. Justa homenagem do FISL, a um nerd como nós.

Valeu FISL 14, dessa vez vocês se superaram de forma colossal e prometo que essa ideia vai evoluir, mesmo que seja taxado de loucos novamente!

FISL14: Monitoramento de Infraestrutura com Zabbix

sábado, 6 julho 2013

Esta segunda palestra sobre Zabbix, ministrada por Alessandro de Souza e Silva, na verdade se encaixa antes da apresentada por Adair Horst e Fátima Tonon, ou seja, foi mais introdutória.

Ao contrário do que eu acreditava, segundo o palestrante, o Zabbix foi construído do zero e não uma dissidência do Nagios. É uma evolução e implementa várias funcionalidades ausentes no Nagios.

O Zabbix é todo orientado a web, possuindo uma interface que serve não apenas para visualizar o monitoramento, mas também para sua configuração. Possui agentes passivos e ativos, com a grande vantagem que o agente ativo pode atuar em uma rede protegida por firewall de forma muito mais prática de configurar. Também possui proxy, que podem servir, tanto para acessar redes protegidas e remotas, como também um sistema para distribuição das coletas de dados, e portanto distribuição de processamento.  O proxy também pode atuar como ativo ou passivo.

Um destaques apresentados durante a palestra, foi o Zabbix Mobile, que são projetos de clientes do Zabbix para smartphones e outros dispositivos portáteis:

Mozaby, para iPhone;

MoZBX, para qualquer dispositivo;

Mobbix, para uso no Android, e recomendado pelo palestrante.

Outro fato interessante apresentado, foi de um projeto de uso do Raspberry Pi por uma grande empresa de telefonia em quiosques de vendas, como um appliance proxy. Aliás, é uma grande solução, pois tem um custo muito menor que o de um servidor completo e funciona muito bem, pois facilita o fornecimento e troca do equipamento (caso necessário). Além disso, o proxy é capaz de guardar as coletas no caso de queda do link e repassar os dados quando a conexão for restabelecida.

Como foi dito, o proxy pode ser usado como um método para distribuição de carga, contudo, se for necessário processamento distribuído real, existe o projeto Zabbix Node, que implementa essa funcionalidade.

Como exemplo real de uso, o Alessandro sugeriu a seguinte configuração para atender 1 milhão de coleta de valores por minuto ou 15 mil por segundo: servidor Xeon Quad Core, com 8GB de RAM e RAID10.

Algumas dicas:

– Faça seus próprios templates, pois os valores que vêem por default não são os mais adequados. Por exemplo, em geral o agente verifica o uso de disco a cada 60 segundos;

– Otimize o banco de dados. Use de preferência o MySQL, contudo se você possuir uma equipe especializada no PostgreSQL na sua empresa, prefira a segunda opção;

– Faça Tunning nas configurações do Zabbix;

– Procure utilizar as versões mais recentes do Zabbix;

– Otimize o Apache e o PHP para performance;

– Em caso de uso mais intenso, se possível, separe o Banco de Dados, o Zabbix Server e o Zabbix Frontend, em servidores separados.

Recentemente, foi criado o Zabbix Enterprise Appliance, que é uma solução pronta, só precisa ligar o servidor na rede, contudo está sendo comercializado apenas no Japão por enquanto.

Para finalizar, Alessandro citou que o Zabbix não é apenas para ser usado em ambiente de TI, mas para qualquer necessidade que se necessite de monitoramento, monitorando desde uma cafeteira até vazamento de água em um ambiente como Itaipu.

FISL14: Monitorando Data Center com Arduíno

sábado, 6 julho 2013

Essa é uma daquelas palestras que você assiste e vai embora motivado em testar o que foi apresentado. Nesse sentido, na semana seguinte que passou, acabei comprando meu primeiro Arduíno, com um kit básico de lcd e sensor de temperatura. Espero logo-logo, estar produzindo algo de qualidade, como o apresentado pelo Aguinaldo Bezerra Batista Júnior.

Ele trabalha no CPD do Centro de Lançamento de Foguetes da Barreira do Inferno, um órgão da Aeronáutica Brasileira, que fica localizado no Rio Grande do Norte.

Lá eles tem graves problemas com temperatura e umidade alta, e por esse motivo, necessitavam de um sistema de monitoramento do ambiente do CPD. Por 3x eles tentaram adquirir por pregão uma versão comercial, cujo custo aproximado para o governo seria em torno de 15mil reais, mas não apareceram empresas interessadas.

Devido a isso, Aguinaldo partiu para uma solução alternativa e durante as suas férias, adquiriu um kit Arduíno, aprendeu o funcionamento e implementou uma solução livre para o monitoramento, a um custo em torno de R$ 260,00 (importando os componentes).

A solução dele, era composto de um Arduíno Mega genérico, uma shield ethernet (shield é tipo uma placa de expansão para o Arduíno), uma shield GPRS, para comunicação com a rede de telefonia móvel, um shield de prototipagem com uma protoboard para montar os sensores, um lcd de celular nokia 5110 e um led tricolor.

A solução monitorava temperatura (com chip digital e analógico, para redundância), umidade do ambiente, se o prédio estava energizado com um adaptador AC de 5v (que ele utiliza como sensor) ligando no input digital do microcontrolador, sensor rudimentar de presença (por meio de um sensor de luminosidade), entre outros.

Para o aviso de evento, o Aguinaldo utilizou o Xively para enviar e-mails e além disso o Arduíno envia SMS pela rede de telefonia móvel, bem como ele pode utilizar esse módulo para monitorar os dados do Datacenter, através da troca de SMS com o sistema.

FISL14: Making GNU/Linux Run Faster

sexta-feira, 5 julho 2013

Jon “MadDog” Hall, nesta palestra do FISL14, fez o lançamento do projeto de otimização de 1400 módulos do Kernel Linux, que será formalizado oficialmente em Dublin na Irlanda, na próxima semana.

Consiste em remover trechos de código em Assembly presente no Kernel Linux, para facilitar a portabilidade do código do Kernel para todas as plataformas de hardware.

O processo de julgamento consiste em primeiro avaliar o desempenho do trecho que irá ser modificado e depois aplicar o código substituto e determinar se o desempenho é igual ou superior. Se isso ocorrer, o código é incorporado ao Kernel Linux.

Neste link do site do FISL, tem um ótimo resumo da palestra e mais informações: http://softwarelivre.org/fisl14/blog/arm-64-e-tema-de-palestra-de-jon-%E2%80%9Cmaddog%E2%80%9D-hall

A necessidade desse projeto surgiu, porque muito código é antigo no Kernel Linux, de uma época que a quantidade de memória e processamento eram muito limitados e um fator crucial para o desempenho do sistema operacional. Estes trechos de código conseguiram uma otimização fantástica para a época, contudo perdeu-se a portabilidade para outras plataformas, inclusive processadores mais atuais de 64bits.

MadDog está envolvido com projetos de computadores ARM, como o Raspberry Pi, e o atual estado desses módulos do Kernel, prejudicam a portabilidade, inclusive para a arquitetura ARM 64bits.

Ele citou que o Raspberry Pi foi um projeto da Universidade Cambridge, com o objetivo de estimular os estudantes a aprender programação, sendo que é um projeto cheio de qualidades, como por exemplo, o baixo consumo  (cerca de 3w) e o tamanho reduzido.

O port destes trechos de códigos é tão ruim quanto escrever documentação, por isso ele decidiu lançar o projeto em forma de concurso. Usou como modelo, o caso do C Math library, que na época não estava disponível em código livre. Após cansar de ver pedidos para que intercedesse para liberação do código fonte, decidiu lançar o desafio para sua equipe, consciente que poderiam fazer melhor. Em poucas semanas já havia uma nova implementação com desempenho 30% superior.

Melhorar o código do kernel Linux para arquitetura ARM, envolve também outras questões, como por exemplo, reduzir o consumo de bateria para smartphones, melhorar a resposta de tempo real, ou seja, é para solução de problemas reais e atuais.

FISL14: Ubuntu Touch

quinta-feira, 4 julho 2013

Mais uma palestra sobre Ubuntu Touch, agora apresentada por Alessandro de Oliveira Faria, mais conhecido como “Cabelo” na comunidade de Software Livre.

Alessandro apresentou uma visão geral da computação móvel, baseado na sua experiência e objetivo pessoal dele de ter um sistema GNU/Linux completo no bolso, bom o suficiente para compilar um programa.

Ele começou em 2007, com o iPAQ, que logo se tornou uma frustração, devido ao baixo poder de desempenho e limitações do sistema operacional.

As coisas melhoraram um pouco, quando do lançamento do Openmoko, contudo o hardware da época tinha um desempenho muito baixo.

Com o advento do Android, que possui um Kernel Linux, na opinião do Alessandro, melhorou muito. Ele chegou a usar o Motorola Atrix, que basicamente se encaixava no ideal de ter um dispositivo móvel que podia ser convertido em computador pessoal, com um dock, que quando acoplado disponibiliza uma versão alterado do Ubuntu, contudo o desempenho (apesar de ter melhorado muito), ainda era insuficiente.

Após essa versão do Ubuntu para o Atrix, surgiu o Ubuntu para Android, que disponibilizava um sistema operacional GNU/Linux completo na plataforma. E apartir desse produto, evoluí-se para a ideia do Ubuntu Touch, que basicamente propõe a mesma interface para todos os dispositivos, seja para a TV, smartphone, tablet ou computador desktop.

Atualmente o Cabelo tem acompanhando com grande entusiasmo a evolução do Ubuntu Touch, sendo que ele já consegue ter um sistema operacional Linux rodando em seu Nexus 7, por meio do Ubuntu, com desempenho totalmente satisfatório, apesar que ainda falta alguns aplicativos importantes e apresenta muitos bugs, inclusive com alguns aplicativos fake, que não são reais, mas apenas para demonstrar como seriam.

A escolha da família Nexus se deve ao hardware ser totalmente desbloqueado para a troca da ROM, pois vem totalmente desbloqueado e tem o suporte oficial da Canonical. Além disso, o desempenho é muito bom e o preço é muito competitivo.

Como sugestão de link para acompanhar a evolução do sistema, temos: http://design.ubuntu.com/apps.

Na edição 105 da Revista Linux Magazine vai ter um artigo completo do passo à passo de como instalar e programar no Ubuntu Touch.

FISL14: Monitoração Usando Software Livre

quinta-feira, 4 julho 2013

Nesta palestra de Adair Horst e Fátima Tonon, foi apresentado a solução Zabbix para monitoramento de CPD, como uma visão bem detalhada de conceitos, baseadas na experiência do SERPRO.

Antes de iniciar um monitoramento, é necessário mapear a solução, respondendo perguntas básicas como o que coletar e por quanto tempo guardar as informações coletadas (alguns órgãos públicos tem que guardar essas informações por 10 anos). É muito importante não restringir ao aspecto técnico e não depender de um único fornecedor, sendo que a monitoração é tão importante quanto a segurança de uma organização.

No processo de monitoração é muito importante buscar automatizar os processos, e lembrar que nenhum servidor tem o objetivo de ser monitorado e sim de prover serviços.

As notificações devem ser emitidas para os grupos corretos, em tempo hábil e com o mínimo de falso/positivos, ou seja, evitar nível de alertas excessivamente altos ou insuficientes. Lembrar que a informação deve ser fácil de ser entendida pelo cliente e não apenas pela equipe técnica.

Buscar monitorar a nível de serviço e não máquinas, buscando integração com outras soluções da empresa, como por exemplo, um sistema de tickets.

 

Características

O Zabbix é uma solução de código aberta, sem versões comerciais pagas e atualmente é uma das mais utilizada no mundo. Contudo para entender melhor o seu funcionamento, é necessário entender algumas definições:

Host: é um elemento a ser monitorado, e pode ser uma máquina ou qualquer outro tipo de equipamento;
Template: é um perfil de monitoramento (regras de como monitorar o Apache, como monitorar o MySQL);
Item: é um dado a ser coletado;
Trigger: é um limite definido para receber alertas;
Evento: é um incidente ou problema ocorrido;
Níveis de criticidade: são 6, desde não classificado até o nível desastre.

O controle de acesso é realizado por grupos. Cada usuário tem um grupo e mesmo que um usuário tenha acesso diferenciado, é necessário criar um grupo para esse usuário (mesmo que ele seja o único integrante desse grupo).

Existe dois tipos de auto-busca (semi-automática):
Externa, com varreduras por SNMP, teste de portas, etc;
Interna ou LLD, com varredura nativa, extensível em JSON, que descobre interfaces de rede, sistema de arquivos, etc, de cada máquina;

A partir da versão 2, é possível ter um auto-registro, onde a partir da instalação de um agente ativo, o host é cadastrado automaticamente na monitoração.

Para as notificações, o Zabbix tem integração como Jabber, SMTP, SMS e permite a criação de scripts para integração com outras ferramentas. Como exemplo, tem um script que integra o Zabbix com o Google Calendar.

Ele tem um sistema integrado de Gestão de Incidentes, permitindo escalonar as notificações, sendo possível gerar métricas para ITO.

O Zabbix permite criar mapas personalizados e nesse sentido Adair recomenda criar mapas funcionais, sendo que ele apresentou modelos de:
Mapa operacional (se optar por esse modelo, investir em padronização e tentar agregar valor ao serviço de monitoramento);
Mapa tático, podendo agrupar por máquinas de produção/teste, ou ainda mostrar por aplicação;
Mapa estratégico, menos técnico e que abstrai a infraestrutura, onde é demonstrado o estado dos serviços e aplicativos, muito melhor apresentável ao cliente e mais orientando ao ITO, representando melhor os requisitos do cliente.

É possível estender as funcionalidades, através do Zabbix Extras, como por exemplo, plugin de “Análise de Tendência“, “Correlacionamento de Eventos” e “Árvore Gráfica de Serviço“, esse último criado pelo SERPRO e disponibilizado para a comunidade.

A Árvore de Serviço, apresentado pela Fátima, foi desenvolvido para o Correio Eletrônico do SERPRO, o Expresso, e tem como objetivo representar melhorar o impacto de cada evento. Ele utiliza “pesos” para isso.

Para maiores referências, Adair disponibilizou o link do seu blog, com dicas e artigos sobra o Zabbix, no link: http://spinola.net.br/blog/

FISL 14: Unicode

quarta-feira, 3 julho 2013

Nesta palestra, Douglas Villanacci Pasqua apresentou um pequeno histórico da codificação de caracteres em computadores, iniciando pelo padrão ASCII, até as versões atuais do Unicode.

O padrão ASCII foi definido como tendo 8bits, contudo apenas 7bits eram utilizados. O bit adicional era utilizado como controle e inicialmente cobria apenas os caracteres americanos, sem acentuação. Mais tarde, foram criados padrões novos, que contemplavam as letras acentuadas e utilizavam todos os 8bits na codificação (ou seja, até o caractere de controle era utilizado).

O ISO-8859-1, conhecido informalmente como Latin-1, foi um dos primeiros desses padrões e cobria a maioria dos caracteres e acentuações do ocidente. Contudo, devido a quantidade limitada de possibilidades de codificação com 8bits (256 caracteres), não era possível ter todos os acentos e letras do mundo representados, dessa forma nasceu o padrão Unicode.

A primeira versão do Unicode foi a UTF-8, compatível com o padrão ASCII. Se o primeiro bit, ou bit significativo, começa com “1”, significa que é um controle e vai até encontrar o primeiro byte com bit significativo “0”. Isso permite que os caracteres sejam representandos com 1byte ou com até 4bytes. É o melhor padrão de representação Unicode, pois ocupa menos espaço dentre eles.

Após, surgiu o UTF-16 e o UTF-32. O UTF-32 não tem mais o tamanho variável sendo sempre representado com 4bytes, enquanto o UTF-16 é uma representação intermediária, tendo 2 ou 4bytes, conforme o carácter.

Um detalhe interessante que o palestrante apresentou é que o PHP5 não tem suporte nativo ao Unicode. Isso causa alguns efeitos bizarros com funções de string. Por exemplo, se você estiver usando Unicode no PHP e eventualmente tentar contar a quantidade de caracteres de uma palavra acentuada, cada carácter não ASCII terá 2bytes ou mais.

O Unicode está em discussão para ser adotado no PHP6. Esse é mais um dos motivos que me deixam feliz em usar Perl como linguagem de programação, pois o Unicode já é padrão a muito tempo.

Como referências, o palestrante deixou o link do site do consórcio Unicode: http://unicode-table.com/ e para o seu blog: http://dpasqua.wordpress.com/, onde pode ser encontrado os slides da palestra, neste link.

Essa palestra foi muito interessante para entender melhor o funcionamento da codificação de caracteres. Até hoje, eu utilizava padrões Unicode em projetos Web, mas não entendia muito bem o significado e as diferenças dos padrões UTF-8 e UTF-16. Obrigado Douglas pela excelente palestra!

FISL14: Firefox OS e Ubuntu para Dispositivos Móveis

quarta-feira, 3 julho 2013

Nessa palestra, Fabricio C. Zuardi apresentou as duas novas alternativas livres para dispositivos móveis, O Firefox OS e o Ubuntu Touch, que em tese não são produtos diretamente concorrentes. Ambos utilizam o Kernel Linux.

Fabricio é programador, especializado em Web e faz parte de um coletivo chamado Ônibus Hacker, bem como membro da comunidade Mozilla Brasil.

As duas soluções, são na verdade dois pontos de vistas diferentes da computação pessoal. Uma da Canonical e outra da Mozilla, onde a Canonical está buscando unificar a sua interface, para ser utilizada tanto em desktop, super-smartphones e tablets. buscando uma experiência unificada, enquanto o Firefox OS está buscando o mercado de entrada e executar os aplicativos pela web.

O produto da Mozilla está mais adiantado, por ter iniciado o projeto antes, inclusive com produtos comerciais lançados recentemente no mercado. A ideia principal da Mozilla é considerar a web como plataforma. Por exemplo, hoje podemos editar documentos diretamente pela Internet com o Google Docs. Isso está tão evidente no produto, que é possível criar atalhos para aplicações web em sua interface. E eles apostam na grande quantidade de aplicativos disponíveis na Internet, bem como a grande quantidade de programadores web da comunidade.

A interface do Firefox OS é baseado num modelo mais tradicional móvel (Android) e usa muito as WebApi, com HTML5 e JavaScript. Até mesmo para fazer uma chamada de telefonia é utilizado HTML5.

Já o Ubuntu busca uma unificação da interface, mas com diferenças entre as plataformas móvel e a tradicional. Por exemplo, o Ubuntu touch tenta ocupar toda a tela com a aplicação, abusando de gestos para acessar os recursos, enquanto a versão desktop é mais tradicional, com barra de tarefas e botão iniciar.

A Canonical pretende ter uma loja de aplicativos mais tradicional, seguindo os modelos das plataformas do Google e da Apple, utilizando aplicativos nativos, contudo o sistema também vai ser compatível com aplicativos baseados em WebApi.


Citações interessantes:

UBUNTU: “a new category of superphones, with a full PC desktop accessible just by docking the device to a monitor and keyboard. A truly handheld PC is the future of personal computing“.
http://www.ubuntu.com/phone/operators-and-oems

Firefox OS: “Built entirely using HTML5 and other open Web standards, Firefox OS is free from the rules and restrictions of existing proprietary platforms“.
http://www.mozilla.org/en-US/firefox/partners/#os

FISL14: Hackeando Bancos e a Receita Federal

quarta-feira, 3 julho 2013

Ótima palestra de Thadeu Lima de Souza Cascado e Alexandre Oliva. Lotou o auditório de 350 lugares.

Alexandre Oliva, que é da Fundação do Software Livre da América Latina e desenvolvedor GNU, contou sua saga pela publicação do código fonte do programa de imposto de renda da Receita Federal do Brasil, coisa que ele já fez a mais de 6 anos, através da descompilação do programa.

Até hoje ele não conseguiu seu objetivo, pois a Receita Federal alega que tem informações sigilosas no código fonte, que pode colocar em risco o sigilo fiscal. Tem situações hilárias, como a Receita Federal alegando que o código fonte publicado não é reconhecido como sendo dela, pois não contém os comentários do código fonte original.

Na verdade não existe motivo real para não publicar o código fonte, até porque a SERPRO, que mantém a base de dados e desenvolve os aplicativos para a Receita Federal, diz que isso é bobagem, até porque se existisse seria uma falha grave.

Alexandre propõe que todos ajudem cobrando do governo a publicação do código fonte, por que quando é apenas 1 pessoa não faz tanta pressão de uma multidão.

A grande briga não é apenas pela transparência, mas também porque desse modo poderia se melhorar o código do IRPF e inclusive integrar com outras ferramentas, como por exemplo o GNU Cash.

Da mesma forma se comportam os programas dos bancos financeiros, que implementam uma falsa segurança. Na Alemanha, ao contrário do Brasil, existe um protocolo de comunicação com os bancos e assim, qualquer programa pode interagir com o sistema financeiro.

Após a apresentação do Oliva, Thadeu demonstrou como conseguiu implementar uma solução dele para o IRPF, utilizando engenharia reversa, inclusive implementando um proxy (man-in-the-middle) para monitorar a comunicação entre o software cliente e o servidor da Receita Federal.

Sugeriu aprender a usar o “wireshark“, que é uma ferramente excelente para saber o que está sendo transmitido pela rede, contudo a comunicação entre o cliente IRPF e o servidor da Receita Federal é criptografado e por isso a necessidade do proxy (exemplo, usando um DNAT).

Um ponto interessante do Thadeu, foi uma senha utilizada para proteger os certificados de segurança, dentro do JAR do IRPF, que é “123456”, fazendo piada que provavelmente essa é a informação sigilosa contida no programa.

Como o aplicativo é Java, fica fácil fazer pequenas alterações, pois o arquivo JAR é um conjunto com vários arquivos comprimidos no formato zip.

FISL14: Automação Residencial

quarta-feira, 3 julho 2013

A quarta palestra que assisti no primeiro dia foi sobre automação residencial com Android, Arduíno e Raspberry Pi. Não foi uma palestra técnica e sim mais sobre o que é possível realizar com hardware livre. Uma palestra para iniciantes.

Diego Moreira Guimaraes, mais conhecido como Dulcão, apresentou alguns projetos que ele mesmo fez, como por exemplo, uma luminária com controle de cor e luminosidade através de um Android.

Outro exemplo, foi um Arduíno embutido em um filtro de linha, com controle de liga/desliga, que ele usava para controlar uma cafeteira.

O que achei de maior destaque foi um controle remoto de portão de garagem genérico.

O palestrante Thiago Garcia da Silva, mostrou sua solução com Raspberry Pi para uma central multimida baseado no XMBC. O equipamento dele, além de servir para reproduzir vídeos, era capaz de localizar e baixar torrentes de forma autônoma, bem como baixar as legendas. Para isso ele usou, FlexGet, Transmission, WatchDog, Plugin de legendas e scripts.

Um detalhe é que na primeira versão ele usou um Raspberry Pi de 256MB, mas o desempenho não foi muito satisfatório. Contudo, após substituir por um de 512MB, o problema de performance foi solucionado, inclusive com reprodução de vídeos em full hd sem apresentar lentidão.