Uma palestra que eu não tinha muita expectativa era sobre o uso de software livre na Dataprev, de Rodrigo Ortiz Assumpção. Fui mais de curiosidade, para ver o que estava acontecendo nessa “tal de Dataprev” que “anda aparecendo” muito no Jornal Nacional (eu achava que a Dataprev era só da Previdência Social).
No fim, foi uma surpresa agradável, pois além do ótimo palestrante, deu para perceber que as coisas andam progredindo na nossa Previdência Social, graças a uma boa equipe e o uso maciço de software livre na área de servidores e desenvolvimento.
Não vou ficar fazendo muita propaganda do Governo Federal, mas algumas curiosidades que anotei da palestra:
– Eles estão migrando a base de dados para PostgreSQL;
– Usam o Expresso ao invés de Lotus Notes ou Microsoft Exchanger;
– Tem 1650 servidores distribuídos entre Redhat e Debian;
– 40 mil desktops com OpenOffice;
– Possuem células de desenvolvimento de software livre no Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul, sendo que a principal linguagem de desenvolvimento é o Java.
Eles citaram como motivadores para adotar o software livre:
– Redução de custo em software;
– Desenvolvimento colaborativo;
– Descentralização;
– Incorporação de metodologias, padrões e processos.
Na verdade, nem toda a Dataprev usa ou desenvolve em Software Livre ou de Código Aberto, mas é objetivo “contaminar” as demais áreas de desenvolvimento da empresa pela filosofia do Software Livre.
Uma coisa interessante é que a Dataprev não pretende “libertar” o desktop, mas o objetivo deles é investir em Software Livre na parte mais crítica do negócio deles.
Algo interessante que o Rodrigo disse foi que eles estão trocando a “propaganda” ou o “eu apoio” por linhas de código, ou seja, estão realmente se envolvendo com a comunidade. Entre alguns exemplos de contribuições, eles citaram:
– CACIC: um software de inventário de Hardware e Software, que quase foi extinto, mas foi “ressuscitado” graças a abertura do seu código;
– SGA: sistema de gerenciamento do atendimento, que terá seu código disponível em breve: http://www.dataprev.gov.br/noticias/SGA.htm
– COCAR: para gerenciamento de rede;
– EXPRESSO: um grupoware (com e-mail, agenda, etc);
– MOODLE (ferramenta de e-learning): criando a “Escola da Previdência”.
Em relação ao futuro, eles estão trabalhando junto com o Ginga, solução para a TV Digital, a fim de disponibilizar acesso a serviços públicos a classes mais baixas.
Durante a sessão de perguntas, surgiu uma questão interessante sobre o futuro da Dataprev, caso seja eleito um novo partido. O Rodrigo acredita que isso não vai mudar os avanços da atual administração, pois não importa muito para os “figurões” o que está sendo usado e sim as soluções apresentadas, bem como a qualidade dos serviços e a competência. Ele acredita que até pode haver algum retrocesso no ambiente desktop, mas esse não é o foco da atual administração. Outra questão interessante é que está mudando o atual paradigma da comercialização de software, do padrão de licenciamento para o padrão de prestação de serviços.
Mas será mesmo? Nos primeiros fóruns a PROCERGS estava muito envolvida com Software Livre, inclusive disponibilizando o DIRETO, e hoje em dia, eles “abandonaram” esse apoio à comunidade (se bem que a PROCEMPA poderia ser considerada um bom exemplo, mas infelizmente não pude acompanhar a palestra deles – era no mesmo horário desta – para saber como está o apoio ao Software Livre na atual prefeitura).
Outro fato relevante é que Software Livre não é o “salvador do mundo”. Ele disse que só ter “um pinguim” na máquina não resolve tudo, pois corrupção e “falcatrua” também podem ser feitos com Software Livre. Interessante essa colocação, nunca tinha pensando nisso, mas creio que é uma verdade.
segunda-feira, 29 junho 2009 às 8:00 am |
[…] que é uma verdade.” [Enviado por Luciano Giordani Bassani (lgbassaniΘgmail·com) – referência […]