FISL14: Herança

IMG_20130704_185814bFISL 2013 encerrado, e após 4 dias de eventos e assistido várias palestras interessantes, ter interagido com várias pessoas, o que ficou, ao contrário de outros anos, não foi uma nova metodologia de programação revolucionária, um novo software, maior adoção das tecnologias livres ou mesmo casos de sucessos, apesar de ter visto coisas fabulosas e tecnologias emergentes que prometem.

Faz 14 anos que esse grande encontro da comunidade é realizada. Mal consigo lembrar do primeiro evento em 2000, onde a realidade era totalmente diferente e que o software livre era visto como coisa de baixa qualidade.

Lutamos muito para chegar onde estamos hoje, talvez muitos jovens dessa nova geração não tenham ideia de como se fazia software antes das nossas conquistas em prol da liberdade, tão pouco consciência de como algumas figuras, mesmo contestadas, foram importantes para essa revolução.

Hoje em dia, software livre é uma realidade e não se questiona mais a qualidade, ou ainda, que é um modelo inviável economicamente. Eu era visto como um doido naquela época, lembro bem.

Nossas fronteiras foram ampliadas, quando conseguimos conquistas maiores ainda com o hardware livre. É fato que ainda estou dando meus primeiros passos nessa tecnologia, achava que não era para mim, mas depois de ver algumas palestras desse evento, percebo que é para todo mundo. Arduíno, Raspberry Pi, permitem inovações tecnológicas, que combinadas com o software livre, são colossais. Desde coisas simples como montar uma central multimídia, ou mais complexas como montar um sistema de sensores para monitorar fisicamente um CPD, até coisas extremamente complexas como uma impressora 3D.

Tudo isso, evoluiu e foi fomentado durante esses anos de Fórum Internacional de Software Livre. Se conseguimos atingir o estágio que estamos atualmente, foi graças a organização e mobilização da comunidade e o FISL faz parte disso.

Eu poderia me acomodar e pensar que chegamos no nível perfeito de evolução tecnológica, contudo, percebo agora a grande herança deste FISL 14: não me basta mais software livre, quero mais hardware livre, mas acima de tudo, quero ENERGIA LIVRE!

Extremamente revolucionário ouvir Luis Maccarini, em sua palestra sobre Permacultura, tanto como ouvir Richard Stallman pela primeira vez.

Espetacular ouvir Thomas Soares em sua palestra sobre uma proposta de novo modelo energético descentralizado, assim como conversar e ver ele explicar os experimentos apresentados na área de exposição. Mesmo que eu não tenha consigo entender tudo (não sou engenheiro), sei que devemos sim lutar pela energia livre. Me senti como nas primeiros anos de FISL, que não entendia bem como tudo funcionava, achava que software livre era software de graça, etc.

Nesse sentido, fazendo uma analogia bem básica, energia livre não é modo perpetuo ou energia de graça, assim como software livre não o é. Mas é principalmente uma grande troca de paradigma, o comprometimento com a humanidade e o planeta, a descentralização da geração energética.

Energia livre pode ser algo simples, como alimentar o meu Arduíno com uma fonte alternativa de energia (estou pesquisando isso e me parece bem viável) ou algo que exija mais investimento, como por exemplo, ter um painel fotovoltaico em casa, que produza minha própria energia e quem sabe compartilhar essa energia com meus vizinhos ou a comunidade, ou ainda algo extremamente mais complexo (pelo menos para minha cabeça), como produzir energia elétrica a partir da pertubação do eter com campos magnéticos.

Isso tudo já se falava a mais de cem ano atrás, quando Nikola Tesla tentou massificar essas tecnologias, mas foi silenciado pelo poderio econômico. Justa homenagem do FISL, a um nerd como nós.

Valeu FISL 14, dessa vez vocês se superaram de forma colossal e prometo que essa ideia vai evoluir, mesmo que seja taxado de loucos novamente!

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